A pandemia do novo coronavírus levou à necessidade de quarentenas e lockdowns, o que resultou em um enorme impacto na economia mundial. Os eventos interromperam rotinas, o que mudou totalmente os cenários de demanda e de oferta, afetando fortemente a indústria.
Enquanto isso, existem conceitos que pregam a autogestão de fábricas, diminuindo a necessidade da mão de obra humana em tarefas operacionais específicas.
Assim, nasce a pergunta: a autogestão das fábricas evitaria a crise na indústria causada pela pandemia?
A pandemia e a economia
Como dito, a chegada da pandemia fez o ser humano encarar situações nunca antes vividas, o que exigiu uma longa adaptação e radical mudança no seu dia a dia.
O consumidor, inicialmente, encarou a incerteza, lidando com a possibilidade de escassez de bens essenciais. Por algumas semanas, antes do vírus chegar com força no Brasil, era comum ver notícias de pessoas estocando recursos em países como Austrália e Estados Unidos.
Com o aumento do isolamento social, o consumidor teve que encarar uma fase de adaptação de hábitos a longo prazo. A partir dessa fase, começaram a ocorrer mudanças no consumo mundial que podem vir a ser permanentes.
Enquanto isso, a indústria e o comércio tiveram, muitas vezes, que diminuir os seus trabalhos, bem como, em alguns casos, fechar as portas temporariamente.
A diversificação da demanda
Com o fechamento de áreas públicas, adiamento de grandes eventos (como os próprios Jogos Olímpicos de Tokyo) e a consequente mudança cotidiana, as necessidades do consumidor mudaram em questão de dias.
Por exemplo, comércio online, vídeo chamadas, serviços de delivery, de streaming e de entretenimento cresceram como nunca visto antes.
Seguindo este raciocínio, a demanda de viagens, por exemplo, caiu deliberadamente.
A diversificação da oferta
Pelas mudanças no hábito do consumidor, muitas das indústrias e comércios tiveram que parar. Isso afetou diretamente a oferta. A necessidade de isolamento social obrigou a pausa ou redução na produção de cerca de 76% das indústrias brasileiras. Isso representou uma queda de faturamento em 70% delas (dados da Confederação Nacional da Indústria).
Essa foi a causa, também, de uma maior dificuldade para pagamentos recorrentes e acesso a capital de giro por parte delas:
Como consequência disso, um impacto negativo causado pela crise da pandemia apareceu em 9 a cada 10 indústrias espalhadas pelo país.
É possível conferir mais sobre, na pesquisa Impactos da COVID19 na indústria, via Confederação Nacional da Indústria.
Indústria 4.0 e autogestão na indústria
Os conceitos de indústria 4.0 falam de evoluções e revoluções de temas como automação e tecnologia da informação.
Portanto, e com a evolução da tecnologia, as produções estão mais próximas de detectarem seus próprios problemas e resolvê-los de forma autônoma. Assim, a necessidade de supervisão contínua de fábricas diminui, uma vez que a interferência humana é reduzida severamente.
Saiba mais sobre a tecnologia que coloca produções na tela do computador
Em uma realidade como a vivida em 2020, com a impossibilidade de aglomerações humanas, é inevitável pensar que a autogestão das fábricas seria uma ótima alternativa para as indústrias.
A autogestão da indústria é o suficiente?
É inegável que muitas indústrias, se não todas, foram impactadas economicamente devido à redução ou paralisação de suas produções. Esse cenário, com certeza, estaria muito melhor em uma realidade em que fábricas pudessem trabalhar autonomamente. Isso evitaria o perigo da aglomeração, por exemplo, e não faria do risco de contaminação um problema.
Porém, analisando os dados apresentados anteriormente, não é sustentável pensar que apenas isso seria o suficiente. Depende-se, também, das situações mercadológicas.
O cenário vivido hoje pela pandemia do coronavírus causou muito mais que uma recessão econômica causada por chão de fábrica parado ou desemprego deliberado. A realidade enfrentada hoje fez os hábitos do ser humano mudarem totalmente. Hábitos, esses, que podem continuar fazendo parte do cotidiano das pessoas quando a situação voltar ao controle.
Com isso, existem os setores que, previsivelmente, cresceriam, como saúde, comunicação, entre outros. Estes tiveram a “sorte” de uma realidade que os beneficiou. Uma prova dessa previsibilidade é o estudo da Euromonitor International, de abril:
Ele mostra uma previsibilidade de crescimento em setores como alimentação, produtos para casa, saúde, comunicação. Algo que, de fato, chegou bastante próximo da realidade.
Entretanto, existem, também, as empresas que, apesar de não se encaixarem nesses setores, conseguiram, desde cedo, se adaptar ao novo mundo vivido. Assim, conseguiram fugir das estatísticas.
Magazine Luiza na pandemia
O Magazine Luiza, por exemplo, vinha já nos últimos anos apostando no crescimento do e-commerce e na sua transformação digital.
O LuizaLabs, criado em 2011 pela fundadora da Magalu, Luiza Trajano, mostra que essa visão está presente na empresa há quase uma década. O laboratório tem como objetivo utilizar a tecnologia para oferecer uma experiência diferenciada ao cliente.
Apostando não apenas na mudança digital, mas, também, no colaborativismo, a empresa lançou uma plataforma grátis de vendas para autônomos e empresas no fim de março.
“Nossa plataforma permitirá que esses milhões de brasileiros possam continuar a trabalhar, sem sair de casa e sem correr riscos. Digitalizar o varejo e os brasileiros faz parte da nossa estratégia de negócio e do nosso propósito como empresa — e ele nunca se mostrou tão necessário quanto nesses tempos que estamos vivendo”
Frederico Trajano (via VocêS/A)
Assim, mesmo com suas lojas fechadas e sendo um varejo que não teria tendência nenhuma de crescer nessa situação, o Magazine Luiza conseguiu crescer e bater pela primeira vez R$100 bilhões em valor de mercado. Tendo, também, um crescimento de 163% no valor de suas ações em relação a um ano atrás (8 de julho de 2019).
“O principal problema da pandemia foi a queda na receita”
Como visto, o conflito enfrentado pelas empresas tradicionais, hoje, não é um simples problema de paralisação de produção. Essa crise tange muito mais a mudança da demanda e a necessidade de diversificação dos meios de oferta desde a idealização de produtos até o varejo.
As vendas tradicionais foram obrigadas a serem passadas para o online, bem como muitos produtos ou serviços pararam de fazer sentido por ora ou, até, permanentemente.
Estádios de futebol, por exemplo, perderam a sua principal utilidade com a paralisação do esporte. Entretanto, isso não impediu suas organizações de realizarem cinemas e shows drive-in. E é com exemplos assim e o do Magalu, por exemplo, que centenas de modelos de negócios puderam se reinventar.}
A mesma pesquisa da CNI, que mediu todo impacto da crise na indústria, afirma: “O principal problema da pandemia foi a queda na receita”, apontando como culpa a mudança e queda imediata de consumo, e não a desaceleração da produção.
O que esperar da indústria pós-pandemia?
Como dito, o mundo passou por uma mudança sem precedentes e é esperado que grandes mudanças sejam vistas a cada dia, principalmente a longo prazo. Algumas delas já são observadas e foram previstas ainda em abril de 2020 pelo estudo da Euromonitor Internacional citado anteriormente:
Diversificação dos meio de oferta
É esperado que novas maneiras de vender sejam exploradas, fugindo apenas do varejo tradicional e presencial.
A pandemia não só mostrou que esse sistema pode falhar, como também abriu novas alternativas que deixam o e-commerce muito mais fácil e barato. Um exemplo é o do MagazineLuiza, citado anteriormente, e, também, do OlistShop:
Automação e tecnologia
Como visto anteriormente, a forte dependência de humanos na indústria prejudicou o andamento das produções com o início das medidas de contingência.
Segundo o estudo citado, o mundo tem uma tendência a passar por “ondas” de robotização. Sendo assim, é esperado que fique mais comum a busca por uma maior independência em relação a carga de trabalho operacional humana. Isso pode ser feito desde projetos imensos de robótica, até projetos de máquina simples.
Inovação e colaboratividade
Enquanto, por um lado, o ser humano começa a ser enxergado como um problema, por outro, ele é a maior oportunidade de crescimento. Hoje, pode-se confirmar que a abertura à inovação e à colaboratividade são fatores essenciais para o desenvolvimento das empresas.
Dentre as empresas que não estavam no grupo de “sorte” – daqueles naturalmente beneficiados pela crise – , a imensa maioria teve que sofrer mudanças muito repentinas que as permitiram se reinventar ou realizar coisas nunca antes feitas.
São esses, exemplos como o do Magalu e o Olist, citados anteriormente. Ambos deixaram o caminho mais fácil (e gratuito) para os microempreendedores e empresários sofrerem menos com a crise.
Outra iniciativa veio da Heineken. A ação “Brinde do Bem” contou com a colaboração de 100 mil consumidores, arrecadou doações para bares e auxiliou 7500 deles pelo Brasil. Isso os ajudou a fugir das estatísticas em um cenário em que 30 a 40% dos bares devem fechar até o fim do ano (dados da Abrasel).
Além disso, certamente, permitiu aos três também a criação de novos milhares de promotores.
O exemplo da cervejaria mostra que isso não está tão longe assim da indústria quanto se imagina. Todavia, estas mudanças e iniciativas só são possíveis de acontecer em ambientes onde inovação e mudança são inseridas na cultura.
Sendo assim, e com cada vez mais exemplos positivos, é esperado que mais empresas passem a olhar melhor para uma cultura de inovação e colaborativismo. Levando, assim, os aspectos humanos ainda mais à tona.
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