Em meio a um projeto, o Desenho Técnico é um instrumento elementar para se alcançar a excelência do trabalho. Sendo a última etapa de um planejamento, ele é responsável por informar detalhes e precisões do produto em desenvolvimento, tornando o processo eficaz e minimizando erros, já que se trata da representação final do projeto.
Em relação à origem do Desenho Técnico, a humanidade sempre teve a necessidade de representar em forma 2D as diversas situações que vivencia. Tais reproduções da realidade evoluíram progressivamente ao longo dos anos.
Por volta dos séculos XIV e XVI, durante o Renascentismo, surgiram os primeiros desenhos técnicos, que tinham um viés mais artístico do que conhecemos atualmente. Somente no século XVIII, com a criação da geometria descritiva, o desenho técnico se transformou em uma linguagem mais precisa e universal, da forma como utilizamos hoje.
O que é Geometria Descritiva?
A Geometria Descritiva consiste em representar um objeto tridimensional em um plano bidimensional. Sendo assim, ela é a base de um Desenho Técnico, que se torna indispensável para profissionais projetistas, já que permite uma representação completa de um produto.
Mas como funciona um Desenho Técnico?
Basicamente, ele é responsável por representar no papel um determinado produto, seja uma peça, uma estrutura ou uma planta baixa, de acordo com o nicho do projetista.
Assim, para um Desenho Técnico, é preciso seguir normas, a fim de facilitar a interpretação e colocar todas as informações necessárias para um cliente ou fabricante.
O profissional projetista pode utilizar vários materiais na confecção de um Desenho Técnico. Por exemplo, em um desenho à mão, podem ser utilizados esquadros, réguas T, transferidores, compassos, curvas francesas e escalímetros, além de lápis, borracha e os papéis escolhidos de acordo com a preferência e as regulamentações.
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) dita a normalização que rege o Desenho Técnico, que define os padrões nacionais, alinhados aos internacionais, aprovados pela ISO (Organização Internacional de Normalização). Essa normatização garante que qualquer um compreenda os projetos que tenha conhecimento da regulamentação.
Assim, para que um Desenho Técnico siga todas as normas ABNT, ele necessita conter diversos conceitos. Vamos abordar alguns deles a seguir:
Papel padrão
As dimensões devem ser A0 — 1189x841mm —, A1 — 841x594mm —, A2 — 594x420mm —, A3 — 420x297mm — ou A4 — 297x210mm —.
Escala
A escala define o quanto um objeto real será ampliado ou reduzido no desenho em papel. Assim, a ABNT definiu escalas padrão no Desenho Técnico, sendo 1:2 uma escala de redução, 1:1 uma escala natural e 2:1 um exemplo de escala de ampliação.
Descrição: Escalas padronizadas para desenho técnico. Redução: 1:2, 1:5, 1:10, 1:20, 1:100, 1:200, 1:500, 1:1000. Natural: 1:1. Ampliação: 2:1, 5:1, 10:1, 20:1, 100:1, 200:1, 500:1, 1000:1.
Vistas
As vistas correspondem à projeção de um objeto no papel. Existem 3 elementos para uma vista: o objeto, o observador e o plano em que o objeto será projetado. Sendo assim, existem vistas frontais, superiores e laterais.
Diedros
Os diedros são entidades tridimensionais, limitados por dois semi-planos perpendiculares entre si. O método mongeano propõe a representação de objetos por meio desses semi-planos, ressaltando a importância dos diedros para o Desenho Técnico.
Legenda: representação dos diedros
Descrição: Dois planos, vertical e horizontal. Seguindo o plano cartesiano como referência, existem 4 diedros, posicionados respectivamente na ordem dos quadrantes. Exemplo: primeiro diedro está posicionado no primeiro quadrante.
As normas ABNT sugerem a representação no 1° diedro, entretanto, existem países, como os EUA e Canadá, que usam o 3° diedro.
Mas o que torna o Desenho Técnico tão importante?
A representação 2D propriamente dita é feita apenas nas últimas etapas do desenvolvimento de um produto, pois corresponde à visualização final do projeto. Por outro lado, desde as primeiras ideias de um projetista, é essencial fazer um esboço, a fim de não esquecer as conclusões e registrar as informações.
Essa memória curta de ideias em um desenvolvimento de projeto é explicada pela Psicologia Cognitiva, a qual defende que anotar é de extrema importância para o processamento de informações da mente, revelando a importância de um esboço, que mais tarde levaria a um croqui – um desenho à mão livre – e, finalmente, ao Desenho Técnico.
Desse modo, o resultado de uma linearidade e um projeto bem feito é um Desenho Técnico de qualidade. Assim, em um contexto no qual não há espaço para erros ou má interpretação nos projetos, constata-se mais ainda a necessidade de Desenhos Técnicos, que minimizam falhas e, por meio de normas, garantem uma total compreensão pelos clientes, fabricantes e outros projetistas.
Mas, afinal, em quais áreas o Desenho Técnico pode me trazer soluções?
Gestão
Projetos como aviões, ou prédios, são bastante complexos, e, por isso, o desenho técnico permite a compreensão de uma simples peça ou um determinado espaço. Além disso, também há a possibilidade de fracionamento do projeto, dando espaço para trabalhos em equipe que sejam completamente conectados.
Para uma empresa, esse gerenciamento garante que nenhum processo se perca, além de impedir erros ou interferências quando há muitos integrantes em um mesmo projeto.
Produtividade
O fracionamento torna mensurável o tamanho de algum projeto e o tempo que leva cada tarefa, permitindo uma maior produtividade quando, por exemplo, combina-se com a metodologia Scrum.
Outra otimização na produção, que beneficia empresas com muitos projetistas, é registrar e armazenar os Desenhos Técnicos, pois impede que desenvolva um mesmo produto várias vezes. A compreensão disso é clara no âmbito da Engenharia Mecânica n: o Desenho Técnico de uma simples peça pode integrar diversos projetos.
Manutenção
O desenho técnico também pode funcionar como um guia tanto para os projetistas quanto para clientes e fabricantes, facilitando a identificação e manutenção de erros no projeto.
Normatização
Um desenho técnico possui suas normas e regulamentações que representam um modelo. Assim, para um processo com diferentes projetistas, um padrão a ser seguido promove uma coesão no projeto e uma otimização no desenvolvimento.
Em um contexto ágil e globalizado, os Desenhos Técnicos, juntamente com suas regulamentações, permitem que, por exemplo, uma engrenagem fabricada na China se encaixe em um carro montado nos Estados Unidos.
Softwares
Para uma otimização na confecção dos Desenhos Técnicos, os desenhistas usam softwares de modelagem 3D, como o SolidWorks e o Catia. Suas funcionalidades dispensam um Desenho Técnico feito à mão, excluindo a necessidade de materiais como o esquadro, escalímetro ou régua.
Esses softwares são amplamente utilizados por Engenheiros Mecânicos, que não precisam ser “experts” em desenhar, já que para um desenho técnico bem feito seria necessário apenas uma capacitação no SolidWorks, por exemplo.
A partir do momento que se tem um domínio nesses softwares de modelagem 3D, torna-se possível transitar de uma edição de peça tridimensional para o Desenho Técnico muito facilmente, possibilitando também salvar os arquivos em diferentes formatos, como o DXF, que permite uma fabricação à laser no âmbito mecânico.
Conclusão
O Desenho Técnico é a peça fundamental de qualquer projeto. Sua importância está presente tanto na facilidade para comunicação quanto na produtividade. É certo que, independente do nicho de um projetista, o Desenho Técnico é essencial para fornecer informações suficientes para uma fabricação ou qualquer outra representação final de um produto. Sendo assim, em uma realidade completamente globalizada, o poder do Desenho Técnico torna possível o gerenciamento e compartilhamento de conceitos em qualquer parte do mundo. Gostou do conteúdo e gostaria de conversar mais sobre? Fale conosco diretamente pelo WhatsApp!